Um pouco de Bukowski e mariolas

Crônica de um amor louco. Tô com um problema destes. Digo sempre “Eu te quase amo”, sou forçado. Coação Moral Irresistível com ameaças de supressão da chupadinha...

Guardei uma foto dela, seminua, dentro do meu Bukowski. Abro vez ou outra, leio A vida num puteiro do Texas, tudo regado a Coca-Cola e Mariolas e digo pra mim mesmo nevermore... mas a desgraçada sequer se chama Lenora e desconfia que Poe é invenção da minha cachola, um heteronimozinho meu...

Porra, devo escrever pra caralho! Pena que mamãe não pode ler.

(George Bataille escondido na gaveta de cuecas, uma infância em frente à TV vendo Tom & Jerry, batendo punheta pensando na professora de ciências...)

Resta sair de motoca por aí e contemplar o mar, purgar um passado babão e higiênico, viver mais dez anos e citar Drummond com propriedade:

“Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado."

Este é o meu tempozinho Maia, os caras que anteciparam Nietzsche em séculos... (civilizações pré-colombianas são du caralho!) No mais é isto: parar no ancoradouro e ver o mar, comendo mariolas e esperar pra ver no que dá, se é que vai dar... Pro começo eu sempre volto mesmo. É garantido.

P.s. 1.: Melancolia Salão do Mar, será que esses caras não se tocam? Código de Defesa do Consumidor neles, lei n° 2.181/97: má-fé, engodo, abuso, vício de produto, e lá vai porrada...

P.s. 2 .: Pensando melhor é Código Penal mesmo: Estelionato. Não perca tempo indo lá.

Sobre homens e Máquinas

Harley antes era coisa de macho.

Enquanto os boiolas extasiavam-se com a arte Pop e as (Ret)vanguardas pós modernas, meus ancestrais faziam pegas nos cafés londrinos em imponentes motocicletas Café-Racer, admiravam a família Ducat como quem adorava Andy Warhol.

Che Guevara (macho), que tinha feito sua viagem de Norton 500 por nuestra america, agora segurava um fuzil na selva boliviana... Em que lugar pegamos o caminho falso? A culpa ao menos não foi minha. Nasci em 1977. Presidentes yanks chamados Jose se consolidaram nas poltronas aveludadas do poder - ah, nuestro pueblo!

Easy Rider virou marca de desodorante aerosol. Hoje, simpáticos tiozinhos engravatados saem do escritório e se locomovem em poderosas Harley Davidson; finais de semana fazem "perigosos" passeios pela Rodosol a R$5,00 o pedágio de ida e volta. Chope em Guarapari, beira mar e a admiração das crianças e dos tolos, deles é o reino dos céus... (a dica é do sacana do Gil Vicente)

À merda um destino destes. Motociclista é um troço da PQP, antes roer unha na rodoviária, tirar meleca do nariz no cinema.

Trinta motos emparelhadas? Quem gosta de aglomeração é formiga, cupim, demagogo...

Eu quero é levar minha menina pra passear e ralar as pedaleiras na curva, em todas as curvas...

Da minha janela

Um desabafozinho à la Marcos Rey: malditos capixabas!...

Carlinhos Oliveira faz falta, Sergio Sampaio idem.... Merda de lugar que eu amo (piegas, piegas, casablanca e um negão no piano, atire no pianista, valeu Goodis) e me prende, é por isto que deito o cabelo a 130 por hora na minha Bandit 600 cc, é por isto que morro de trabalhar, para não dar tempo de pensar em toda esta droguinha de lugar. Em cada esquina um poeta poeteiro que me aporrinha o saco, em cada esquina gente batalhando por uma merda de moinho tardio.

(deve ser dos Buais, trigo Regina, ah, gosto melancólico dos bolinho da vovó congressionista de véu!)

Alguem deveria fazer um estudo sobre a ploriferação de poetas nesta ilha, a coisa certamente tem a ver com a UFES e suas pós-graduações em letras, mas o troço retrocede mais. Os seiscentistas SantosNeves também têm seu dedinho na lambança. Isto que dá nada pra fazer, certos estavam os comunistas romenos que mandaram esta classinha pros trabalhos forçados no campo, um viva a CEAUCESCU! Carlinhos em 60 disse que aqui existiam mais sociedades literárias que escritores e teve que dar linha, foi pro Rio e deu no que deu, voltou consagrado só pra fingir que morreu... acho que o safado quis pregar esta última peça em seus confrades e agora está em Buenos Aires tomando todas e ouvindo tango...

Outra coisa: aqui os artistas dão cria rápido, parecem coelhos, e seus filhotes são tão cretinos quanto os pais. Eles entram em negociatas envolvendo putas, cestas básicas e verbas públicas. Um treco complicado, mas que depois de feito dão muito orgulho a toda comunidade. Fazem espetáculos apagados que são vistos por meia dúzia de pessoas (estilo Grotowski com precinho de Projac). Não me convencem, sou agnóstico e continuo achando que os Max são boa gente, que alface é um ótimo tratamento para insônia, não fosse o incoveniente de soltar os intestinos. Intestinos, aqui esta palavra virá sempre no plural.

Malditos capixabas!